Cabe Em Um Olho e Pesa Uma Tonelada

Jeff Ferreira está de volta em sua nova obra, livro que dá continuidade a proposta do autor baiano Paulo Brazil, que em 2021 lançou Histórias, Registros e Escritos e deu inicio a coleção Contos da Quebrada, com histórias ambientadas nas ruas longe dos cartões postais do país.

Seguindo a celebre frase do poeta do rap nacional, GOG, em que diz: “Periferia é periferia em qualquer lugar”, Jeff nos apresenta cinco contos ambientados nas periferias do interior paulista. Em Cabe Em Um Olho E Pesa Uma Tonelada são abordados o sonho de viver da música, os desafios da classe social menos favorecida, o desemprego, a fome, a homofobia na quebrada e o futebol como válvula de escape para as mazelas promovidas pelo estado.

Em nosso Universo Gueto “o canto afiado tem lado”, ou melhor, a literatura de combate tem lado.

E eis que a coletânea Contos da Quebrada dá luz ao seu segundo volume dessa coleção-guia, que são verdadeiros passaportes pelas quebradas brasileiras através de histórias ficcionais (mas que poderiam não ser) aqui apresentadas por nossos contistas, autênticos escribas de narrativas reais, ora apresentadas como testemunhas oculares, ora como personagens também.

Pois na quebrada é assim, testemunha e personagem dividem espaço dentro do tema, às vezes, a linha que separa um e outro é tênue e em outras ela inexiste. Seguindo a proposta da publicação anterior (Histórias, Registros e Escritos), no volume 2 da coleção: Contos da Quebrada, o escritor Jeff Ferreira nos entrega: Cabe Em Um Olho e Pesa Uma Tonelada. Contos aqui reunidos pelo autor que não faz uso de filtros para agradar as lentes de leitores sensíveis.

As linhas do contista podem ser classificadas como Literatura Hip Hop, marginal e divergente, é tudo isso sim, mas não só isso. A potente experiência literária, quase cinematográfica que você terá ao escolher avançar pelos escritos a seguir não lhe trará garantias de que sairá “ileso” ao término da leitura.

Jeff Ferreira é um dos grandes storytelling marginais de sua geração e o seu texto vai de um extremo ao outro, sem meio termo. É quente quando tem que ser, mas também é frio quando julga necessário, nunca morno. Muito embora sejam contos ficcionais, o autor nos apresenta histórias fortes, nem sempre com finais felizes, mas acima de tudo narrativas sinceras. E por não abrir concessões sobre sua produção, Jeff permanece independente e marginal.

Paulo Brazil